SÓ POR CAUSA DO TERNINHO?
Posted by doug | Posted on 12:10
Mais um texto sem pretexto. Só por causa do terninho baseado no texto da G, Só por causa do saião. Tks G.
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Trabalho em uma empresa multicultural. Têm pessoas de todas as raças, cores e credos. Todos convivem muito bem, mas às vezes, acontecem alguns fatos que me deixam pasmo..rs.
Eu trabalho ouvindo música o dia todo, ouço todo tipo de música, às vezes rock pesado, às vezes, louvor.
Dias atrás, por acaso eu estava ouvindo louvor, nada demais, som baixo pra não atrapalhar os outros. De repente, ouço alguém dizer: Ta tocando louvor?
Fiquei quieto. Ouvi novamente: Ta tocando louvor?
Então, uma mulher virou pra mim e soltou a pérola (gritando): Nooossa, você é evangélico?????
Eu respondi calmamente: sim, sou.
Aí veio a pérola mór: Nossa, agora to te admirando muito mais.
Respirei fundo e segurei pra não dar uma resposta. Pensei comigo: Ué, se eu não fosse, ela não me admiraria?
Mas a admiração dela acabou no dia seguinte...rs.
No dia seguinte fui trabalhar com uma camiseta que tem o desenho de uma caveira. Nada demais, só um desenho em uma camiseta. Ninguém nuca vê nada demais nela, ou melhor, ninguém nuca tinha visto.
Quando cheguei no trabalho, dei de cara com aquela mesma mulher que tanto me admirava. Ela olhou pra minha camiseta, olhou bem nos meus olhos e disse: isso não é camiseta de um homem de Deus usar.
Respira, conta até 10. Falei, calmamente: É apenas uma camiseta. É só um pedaço de pano.
Mas quem disse que ela concordou? Pois bem, ali acabou toda a admiração.
Voltando. Só tenho essa qualidade? Não sou um bom profissional? Não sou legal com as pessoas? Qualquer outra coisa.
Eu sou o que eu visto?
Todos nós somos pessoas únicas, mas plurais. Temos muitas qualidades, assim como defeitos. Será que eu preciso ser uma metamorfose ambulante, um tipo de x-men, que tem que mudar de forma e se adaptar a cada local e pessoas? Ou será que devo ser eu? Afinal, é como ir ao culto no domingo, chorar, pular, ajoelhar, orar e durante a semana viver “La vida loka”.
Aliás, esse papo de domingo me rendeu outra pérola no trabalho.
Um dia, um rapaz viu minha tatuagem na nuca, que é um versículo. E perguntou porque tatuei aquilo, expliquei e ele ficou, como ele mesmo disse, surpreso. Ao saber que eu era evangélico...rs.
Fiquei pensando, alguma coisa ta errada comigo...rs. Acho que devo começar a usar todos os estereótipos e linguagem crente pra ver se as pessoas me identificam como tal.
Mas de que adianta, eu ser igual a todos os outros “evangélicos”? como vou caminhar entre os não crentes se pareço um alienígena da qual eles não vão querer estar perto?
Nós estávamos conversando normalmente, com gírias, como pessoas comuns. Mas depois que ele descobriu que eu era do “clube”, rs. A conversa mudou, a formas de falar também, entrou o linguajar crentês, com palavras das quais, muitas, não tenho idéia do que significam.
Mas não parou por ai, ele queria saber a qualquer custo qual era a minha igreja. Contei. Mas antes não o tivesse. Baixou um EXU Tiéti no cara...rs.
Ai veio a pergunta crucial. Ele olhou sério e empolgado pra mim e soltou: Então, fala ai, Tem alguém famoso na sua igreja???
Meu. Eu queria ter uma bomba, um flit paralisante qualquer...
Respirei, muitooo fundo. E respondi: Graças a Deus, o único famoso lá é Jesus.
O cara fez uma cara de frustração. E ainda ficou bravo. Mas não parou por ai. A conversa ainda continuou mais um pouco, pois ele me achava muito alternativo pra ser “crente”. Expliquei que eu era o mesmo na igreja e no meu dia a dia, que entendia que o culto de domingo, na verdade, é uma extensão do que nós vivemos durante a semana.
Bem, não preciso dizer que ele não gostou nem um pouco da explicação e ainda saiu bravo.
E me pergunto, novamente : Porque eu não posso simplesmente ser eu? Será que eu também sou assim?
Se Deus me aceita assim como sou, porque as pessoas não? E pior, será que eu tenho aceitado as pessoas como Deus as aceita?
Uma coisa que aprendi com tudo isso. As pessoas são muito mais do que parecem.
Nunca saberemos o que as pessoas verdadeiramente são, se não nos permitirmos uma convivência real, e não superficial como costumamos ter.
Temos de aceitar todos como são, isso é muito difícil pra mim, pois assim como fazem comigo, sei que faço com outras pessoas. Jesus andava com todo mundo, sem perguntar porque, sem se importar com roupas, gostos ou tipos. Ele apenas convivia e as pessoas o seguiam por ele ser assim, por Ele ser simplesmente, Ele.
Dias atrás uma vendedora veio até mim reclamar da cliente que acabara de atender, dizendo: Nossa, essa mulher é a maior macumbeira que já vi, fica falando da santa tal, do lugar tal. Que horrível a religião dela. Minha resposta foi direta: Você já parou pra pensar o que ela pensa da sua religião? Da sua crença? Da sua fé? Pra ela, você é a errada, ou ela te respeita e você nem sabe. Então porque não respeita a escolha dela?
Eu sinceramente espero que um dia eu consiga ser um pouco mais parecido com Jesus, que eu consiga aceitar as pessoas só pelo que elas são. Só por elas serem, elas.
Doug.
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