PANOS DE PRATO

Posted by doug | Posted on 18:54




Olá pessoas.
Você já teve a impressão de ouvir Deus sussurrando em seu ouvido? A impressão de que Ele esta tentando te lembrar de algo, muito legal e importante, que te aconteceu por razões você nem sabe?
Então, esta semana estou tento esta impressão, parece que Deus está tentando me fazer lembrar de algo que já me esqueci, mas não devia ter esquecido.
E me fez lembrar, de um fato muito legal, que aconteceu a acerca de um ano, em uma época conturbada da minha vida, mas que fez com que eu entendesse que sempre preciso dar o meu melhor para Deus, não importa como, nem onde.
Era verão de 2008, eu trabalhava em uma agência de publicidade, numa cidade no Vale do Paraíba a algumas horas da minha casa. Foi uma época bem complexa, pois eu não estava muito feliz com meu emprego e passando um perrenguezinho no namoro. Mas como Deus sempre da um jeito de nos surpreender, Ele fez questão de me relembrar que mesmo com meus problemas em meu mundinho fechado, Ele estava presente sempre, para me dar o melhor, mesmo que eu não estivesse retribuindo a altura.
Certo dia, saí para almoçar. Andava um quarteirão até o restaurante aonde costumava ir. Sempre tive a mania de caminhar observando as pessoas. Mas naquele dia, estava meio da pá virada e não tava muito a fim de ver outras pessoas. (Será que só eu me sinto assim as vezes?).
Ok. Continuei andando, o sol gritava no céu, o calor era escaldante. E debaixo daquele sol, vi uma cena da qual nunca vou me esquecer: Em uma esquina cheia de comércios e pessoas atarefadas, preocupas apenas com suas vidas, correndo como que sem sentido nenhum atrás do ultimo ônibus do dia, chegando na porta do restaurante, vi uma menininha bem pequena, devia ter seus 6 anos, sujinha, mas muito bonita, com uma roupa toda esfarrapada. Percebi que ela estava pedindo comida para alguém, mas foi meio que “enxotada” do lugar. Passei por ela e entrei no restaurante, mais preocupado com meu estômago do que com ela. Olhei pra trás e vi que na calçada havia um garoto da mesma idade, esperando por ela.
Ela foi indo embora de cabeça baixa, calçada a fora, debaixo do sol gritante e eu sentei em uma cadeira confortável debaixo de uma sombra e fiz meu pedido. Não sei explicar como, nem porque, mas não consegui parar de pensar naquela menininha.
Meu almoço chegou, mas eu já estava sem fome. Não entendia o porque. Mordi um suculento bife, mas quando mastiguei, ele perdeu o gosto e parecia papel. Não conseguia comer. Tinha a impressão de ouvir alguém dizer: Vá atrás da menina...
Não sei como, nem porque, mas sentia isso. Não comi nem metade da comida, levante e sai atrás da menina. Mas ela tinha sumido naquela imensa avenida, debaixo do sol. Fui voltando para agência, pensando no quanto sou um lixo e deixei de ajudar alguém que estava precisando. Fiquei pensando: Deus, se eu encontrar essa menina eu pagarei o seu almoço. Continuei andando, meio que orando. E não é que Deus ouviu! rs.
Quanto cheguei na próxima esquina, lá estava a pequena menina das roupas rasgadas e olhos verdes arregalados, juntos de mais quatro crianças, todas parecendo ter a mesma idade, e junto delas duas mulheres com aparência bem sofrida, carregando bolsas enormes. Elas estavam todas sentadas na calçadas, em frente à outro restaurante, comendo algumas marmitex.
Era desumano. Fiquei imaginando como eles deveriam se sentir, ali na calçada, comendo de qualquer jeito. Mas ao mesmo tempo fiquei feliz, pois Deus providenciou o que comer para eles, e alguém fez o que eu deveria ter feito.
Fui passando e observando, mais aliviado. Mas algo ainda me incomodava, então, a pequena menina se levantou e correu até mim, puxou minha camiseta e sussurrou algo da qual não entendi uma palavra.
Eu perguntava: O que? E ela sussurrava: “fewffwefwefv o pato”.
Eu só entendia O PATO, no final da frase. Então me abaixei e ela olhou nos meus olhos e gritou: “TIO, COMPRA PANO DE PATO DE MIM”.
Não sabia se ria ou se chorava...
Começamos a conversar e ela disse que estava vendendo os panos de “pato” para ajudar a mãe. Ela me puxou para perto de todos. Começamos a conversar, fiquei ali ouvindo e imaginando: Quanto tempo será que ninguém pára para ouvi-los?
Um dia ouvi um cara dizer, que nós vemos essas pessoas como mobílias da cidade, e era exatamente isso que eles pareciam, mobílias. As pessoas passam por eles, (incluindo eu) e não os vê.
Uma das mulheres me contou, que eles estavam andando desde São Paulo a caminho de Pindamonhangaba atrás de parentes. Comecei a imaginar como era a viagem dessa família com aquele monte de criança.
Me senti mais lixo ainda. Eu tinha um emprego, família, casa, amigos e estava reclamando de tudo. Porque algumas, só algumas coisas, não estavam como “eu” queria.
Então a menina voltou a falar: Tio, você vai comprar pano de mim???
Fiquei pensando: Não sei se o que eles contam é verdade ou não, isso só Deus sabe, mas sentia ali que deveria dar o meu melhor pra eles, mesmo que fosse pouco.
Aquela foi uma semana que meu salário se acabou. Eu tinha apenas R$50,00 pra comer e pagar ônibus. Mas sabia que deveria fazer algo, falei pra menina: Não quero seus panos, pode ficar. Ela começou a chorar...
Mas disse que queria ajudá-los. Aí ela abriu um sorrisão. Ali já valeu tudo.
Coloquei a mão nos bolso, peguei meus únicos R$50,00 e falei para se lembrarem sempre, que foi Deus quem deu aquele dinheiro para eles.
Dei o dinheiro na mão da pequena menina e os olhos delas brilharam, como se ela estivesse segurando a boneca mais linda do mundo. Despedi-me e virei pra ir embora.
Quando ia saindo, a mãe da menina me chamou. Voltei e ela disse à pequena menina: Pegue os melhores panos e dê para ele. A menina logo catou uma sacola e saiu falando, “eu gosto muito desse e desse e desse e desse. Toma moço, é seu. Obrigada. Deus o abençoe muito”.
Ali, senti nitidamente todo o amor e cuidado de Deus em minha vida. Percebi que não importa onde, nem quando, nem meu estado de espírito. Mesmo que eu não faça o que devo fazer, por descuido, medo ou outra coisa qualquer, Deus sempre, sempre vai nos dar o melhor.
Para a mãe, e para aquela menina, aqueles panos de prato, eram o melhor que elas tinham, o melhor que elas poderiam dar à alguém naquele momento. Ali entendi, que todos nós devemos sempre dar o melhor de nós, para todos e para Deus.
Ele sempre vai escolher o que mais gosta, por mais simples que seja e vai nos dar. Mesmo que nós achemos que não merecemos. E mesmo que a gente sempre esqueça ou deixe de crer, Ele sempre vai nos lembrar. Só depende de nós , estarmos de ouvidos, mentes, corações e olhos abertos.
E não acabou ali. Fui embora, apenas com o dinheiro da passagem de pra Mogi. Não fiquei pensando que não tinha o dinheiro para ir trabalhar, nem almoçar no dia seguinte, isso não me importava naquele momento.
E foi aí que Deus me surpreendeu novamente. Quando cheguei em Mogi, um amigo me ligou, e pra minha surpresa, me disse que estava com a grana pra me pagar. Não entendi. Ele me disse que estava me devendo há algum tempo e queria me dar, naquele momento. Eu nem lembrava mais desse dinheiro. Ele me pagou, e pude trabalhar nos dias seguintes. Mas entendi que aquilo só aconteceu porque fiz algo para alguém só pensando em Deus e na importância daquilo para aquelas pessoas, e não me foquei no “problema” que aquilo iria gerar pra mim.
Bom, e por que não consigo ser assim sempre? Por que não consigo apenas fazer o que é preciso sem pensar nas dificuldades?
Talvez por medo, falta de fé, ou simplesmente por ser imperfeito.
Na maioria das vezes sabemos o que precisamos fazer, mas não o fazemos. Será que um dia teremos fé o suficiente para, apenas, agir?
Em Deuteronômio, Deus lembra o povo que cuida de nós e nos carrega como um filho.
Oro, para que estejamos sempre prontos para ouvir Deus nos lembrando.
Espero que Ele, sempre me surpreenda assim, pra eu me lembrar que devo dar o melhor a Ele. Pois sou totalmente dEle, mesmo sendo um lixo, imperfeito e incompleto, eu sou dEle. E Ele sempre vai agir por mim, em mim e apesar de mim.

DOUGLAS ARAUJO
publicitário, emergente, inacabado
membro da vineyard café

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