AS MULTIDÕES QUE APLAUDEM E APUPAM
Posted by doug | Posted on 14:12
Iniciamos hoje, com emoção, a Semana Santa, cheia de um profundo significado para a salvação dos eleitos de Deus. Nela encontramos os acontecimentos centrais da plenitude dos tempos. Hoje é Domingo de Ramos, a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado, entusiasticamente, pelas multidões, como o Messias prometido por séculos pelos profetas, o Ungido de Deus, o Salvador. Vestes estendidas à sua passagem, ramos nas mãos, aclamação: uma cena inesquecível, uma prefiguração da aclamação de todas as nações ao Cordeiro de Deus na Nova Jerusalém, conforme descrito com tintas fortes no livro do Apocalipse.
Talvez, naquele momento, já houvesse uma pontinha de decepção de parte das multidões judaicas: onde estavam os arautos, as trombetas, os estandartes, as tropas armadas com seus capacetes de penachos, o rufar dos tambores? Onde estava o corcel branco dos chefes guerreiros vitoriosos? Não eram essas precondições para derrotarmos os inimigos, os invasores romanos com sua opressão? Surpresos, não encontravam nada disso, nada das condições dos poderes humanos. Em seu lugar um pregador solitário, com vestes comuns sentado sobre um jumento emprestado. Meio decepcionante, não é?
Daí a festa durou pouco. Não satisfeitas em suas demandas materiais, as multidões mudam rápido. “Liberdade, pão e circo”, é o ideal básico... o resto é resto! Os governantes de todos os tempos já provaram dessa inconstância, inclusive os atuais, com sua aprovação despencando diante da incapacidade de enfrentar a crise do capitalismo internacional que fecha empresas e desemprega em massa.
Uma coisa foi o Domingo de Ramos, outra coisa será a Quinta-feira Santa. As multidões que aplaudem, são as mesmas multidões que apupam e pedem a cabeça da vítima, no pecado da inconstância. Nós estaríamos, sem dúvida, no meio daquelas multidões, fazendo a mesma coisa.
Senhor, tem piedade de nós!
Olinda (PE), 03 de abril de 2009.
Dom Robinson Cavalcanti
Bispo Diocesano
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