Sai do meu trabalho em mais uma noite. Segui pela calçada. Um pouco mais a frente tem uma praça, passando por ela um homem chamou minha atenção. Ele estava com uma roupa muito velha, toda suja e rasgada. Chinelos e os pés pretos. O rosto envelhecido apesar de novo, os dentes totalmente podres. Ele seguia um outro homem, insistindo para que esse lhe desse algum trocado. Olhei, e reconheci aquele rosto. Sim, eu o conheci, mto tempo atrás.

Voltando no tempo, uns 15 anos atrás.

Eu estava no ginásio. 7ª ou 8ª série, não lembro bem.
Na escola sempre tem os nerds, os bobos, os esportistas, os normais e os que se acham os “fodões”.

Lembro me bem de um garoto moreno, todo bombadinho que vivia zoando e batendo em todo mundo, inclusive eu.
Ele era o “cara”; O pegador. O fodão da escola. Junto com um primo dele se não me engano.
Nunca fui um aluno exemplar, mas me esforçava pra pelo menos passar de ano.
Ele não.
Lembro me que ele morava próximo a escola. Tinha família, normal. Como todo mundo. Ele chingava professores, batias nas pessoas, roubava dinheiro de lanche e torrava seu cérebro com maconha.
As vezes eu pensava, eu podia ser como ele. Sair apavorando todo mundo.
Mas não, aquilo não era certo.
Tentei ser seu amigo, mas ele roubou um boné meu.

Escolhas.

A vida é feita de escolhas.
Eu escolhi ser o que apanhava naquela época. E ele, oque batia.

Anos se passaram. Nunca mais o vi.
Nem lembrava mais dele.
Então, naquele momento, naquela praça. Eu o vejo. Todo rasgado e sujo.

Escolhas.
Confesso que fiquei surpreso, ficou com triste por ele. Fez escolhas erradas.

Olhei, mas ele não me reconheceu.
É triste ver o que más escolhas podem trazer para nossas vidas.

Aquele podia ser eu.

Lições:
Precisamos tomar cuidado com nossas escolhas;
Na vida, as vezes é melhor apanhar do que bater.

Douglas Araujo